É a décima elevação consecutiva de uma série iniciada em março de 2021, em nova tentativa do BC para conter a inflação
Em mais uma tentativa de barrar a escalada da inflação, a taxa básica de juros do país, a Selic, voltou a subir mais um ponto nesta quarta-feira (4). O Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, decidiu elevar o percentual de 11,75% para 12,75% ao ano no fim desta tarde.
Com isso, os juros básicos atingiram o maior patamar desde fevereiro de 2017, quando a taxa estava em 13%. É a décima alta consecutiva neste ciclo de aperto monetário, que começou em março de 2021, com a Selic na mínima histórica de 2%, acumulando 10,75 pontos de ajuste.
O choque de juros deste ciclo já é o maior desde 1999, quando, em meio à crise cambial, o BC aumentou a Selic em 20 pontos percentuais de uma vez só.
Nesta quarta, o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, também elevou a taxa básica de juros, para o intervalo entre 0,75% e 1%, uma alta de 0,5 ponto percentual, justificando o salto da inflação no país. O Fed não fazia um aumento dessa magnitude desde maio de 2000.
Copom afirmou que a decisão tem o objetivo de conter a inflação, atualmente a caminho de fechar 2022 acima do teto da meta pelo segundo ano consecutivo.
"O ambiente externo seguiu se deteriorando. As pressões inflacionárias decorrentes da pandemia se intensificaram com problemas de oferta advindos da nova onda de Covid-19 na China e da guerra na Ucrânia. A reprecificação da política monetária nos países avançados eleva a incerteza e gera volatilidade adicional, particularmente nos países emergentes", afirma a nota do Copom.
Assim, a elevação da taxa de juros funciona como o instrumento de política monetária mais utilizado para reduzir os preços. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento pelas famílias.
Após a decisão desta quarta, as expectativas do mercado financeiro apontam ainda para uma última alta de 0,5 ponto percentual da Selic no encontro de junho, para o patamar de 13,25% ao ano. Em nota, o próprio comitê afirma a necessidade de novo ajuste, mas menor que o desta última reunião. "Para a próxima reunião, o Comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude", disse.
Há, no entanto, instituições que já avaliam a possibilidade de os juros saltarem a 14,25% ao ano até dezembro, conforme as perspectivas apresentadas pelos analistas financeiros ao BC. O patamar das previsões mais pessimistas foi visto pela última vez em outubro de 2016, após vigorar por mais de um ano.
"Com a decisão de hoje, o patamar da taxa de juros atinge um nível de contracionismo real, ou seja, que pode conseguir bater mais forte na inflação. Se o índice se mantiver no mesmo nível daqui para a fente, se não estressar ainda mais, esse patamar de taxa de juros começa a ser mais contundente e mais efetivo para a queda da taxa de inflação", afirma o economista Davi Lelis, especialista da Valor Investimentos.
O impacto da Selic
A Selic é conhecida como taxa básica porque é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. A taxa é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
Em linhas gerais, a Selic é a taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo para empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.
A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, próximo da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.
foto: Reprodução - Sede do Banco Central
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