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Milhares de japoneses se despedem do ex-premiê assassinado Shinzo Abe

Milhares de pessoas se reuniram nesta terça-feira (12) nas ruas de Tóquio para observar a passagem do cortejo fúnebre do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, assassinado na semana passada, depois do funeral privado organizado em um templo budista.


Foto: PHILIP FONG / AFP


A cerimônia fúnebre teve apenas familiares e amigos como convidados, mas longas filas de pessoas vestidas de preto foram observadas diante do templo Zojoji para se despedir do primeiro-ministro que permaneceu mais tempo no poder no Japão.


"Não consigo superar a tristeza. Vim para deixar flores e orar", declarou à AFP a consultora Tsukasa Yokawa, de 41 anos, que chamou Abe de "grande primeiro-ministro".


Abe foi baleado na sexta-feira passada durante um comício na cidade de Nara, dois dias antes das eleições para o Senado, nas quais seu partido consolidou uma grande maioria no domingo.


O criminoso, Tetsuya Yamagami de 41 anos, detido logo depois de atirar contra o ex-premiê, declarou à polícia que o atacou porque acreditava que Abe estava vinculado a uma organização religiosa que, ao que parece, prejudicou sua família.


"É desprezível", disse Yuko Takehisa, uma enfermeira que também acompanhou a passagem do cortejo.


"Poderiam ter feito mais para evitar isso", afirmou, antes de apontar que "ninguém denunciou Yamagami" à polícia, apesar dos relatos de que ele havia tentado uma arma de fabricação caseira antes do ataque.


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Após a homenagem, o cortejo com o caixão de Abe passou por locais emblemáticos da capital japonesa e pelos símbolos do poder, como a residência oficial do primeiro-ministro, conhecida como Kantei, e a sede do Parlamento.


Do lado de fora dos edifícios, funcionários prestaram reverência como sinal de respeito.


A viúva de Abe, Akie, sentou na parte da frente do carro da funerária com a lápide de seu marido com seu nome póstumo, de acordo com a tradição budista. Akie retribuiu as reverências durante o cortejo.


No trajeto, várias pessoas rezaram e exibiram fotografias de Abe.


Falhas de segurança

O ministro da Defesa do Japão, Nobuo Kishi, irmão de Abe, chamou o crime de "ato terrorista". "Perdi meu irmão e o Japão perdeu um líder insubstituível", escreveu no Twitter. "Meu irmão amava o Japão e arriscava sua vida pela política e para proteger esta nação", acrescentou.


Satoshi Ninoyu, presidente da Comissão Nacional de Segurança Pública, organismo que supervisiona a polícia, prometeu uma análise profunda das possíveis falhas de segurança.


A polícia de Nara admitiu problemas no esquema de segurança de Abe, que foi atacado por trás em plena luz do dia.


Na casa do suspeito, a polícia encontrou peças que poderiam ser utilizadas para fabricar armas como a que empregou no ataque, informou a imprensa japonesa.


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Yamagami teria passado três anos na Marinha japonesa e supostamente afirmou aos investigadores que sua mãe fez uma grande doação a uma organização religiosa, o que deixou a família com problemas financeiros.


A Igreja da Unificação, um movimento religioso fundado nos anos 1950 na Coreia do Sul, conhecido como "seita Moon", afirmou na segunda-feira que a mãe de Yamagami era integrante da igreja, mas não citou as doações que ela teria feito.


Condolências

O assassinato de Abe provocou uma grande comoção e revolta no Japão e no mundo, com muitas mensagens de condolências.


O ministro das Relações Exteriores, Yoshimasa Hayashi, disse que o governo recebeu mais de 1.700 mensagens de condolências de mais de 250 países, territórios e organizações internacionais.


O secretário de Estado americano, Antony Blinken, fez uma visita não programada a Tóquio para prestar homenagem a Abe, que chamou de "homem de visão".


O vice-presidente taiwanês William Lai também fez uma visita privada a Tóquio, muito criticada pelo governo chinês, que acusou a administração da ilha de utilizar a situação como uma "oportunidade de manipulação política".


Abe era de uma família tradicional da política japonesa e se tornou o primeiro-ministro mais jovem do pós-guerra quando assumiu o poder pela primeira vez em 2006, aos 52 anos, um mandato que durou 12 meses.


Ele retornou ao poder em 2012 e renunciou oito anos depois, por problemas de saúde


Suas opiniões nacionalistas provocaram divisão no país, em particular o desejo de reformar a Constituição, e ele enfrentou vários escândalos, incluindo denúncias de favorecer amigos.


Outros o elogiavam por sua estratégia econômica baseada em uma política monetária expansiva, estímulos fiscais e reformas estruturais, batizada pela imprensa como "Abenomics".


Muitos também destacaram seus esforços para posicionar o Japão no cenário mundial, incluindo a relação próxima que estabeleceu com o ex-presidente americano Donald Trump.




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